As marcas que atravessam o tempo não enumeram atributos, mostram transformações. A narrativa visual é a estrutura onde essa mudança ganha corpo e ritmo, unindo propósito, design e linguagem para criar memória. 

 

Mastercard

A Mastercard oferece um exemplo de disciplina narrativa aplicada à identidade. O universo “Priceless” encenou, durante décadas, a ideia de que o essencial não se compra, construiu reconhecimento e preparou o caminho para a simplificação radical do logótipo. Em 2019, a marca retirou a palavra “Mastercard” do símbolo, apoiando-se nos dois círculos como síntese visual. A decisão ancorou-se em estudos de reconhecimento superiores a 80 por cento, prova de que repetição com sentido cria capital semântico capaz de dispensar o nome. É storytelling resolvido em forma.

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Airbnb

A Airbnb construiu a sua história a partir de uma promessa simples, pertença. O Bélo foi desenhado para ser reconhecido e desenhável, um convite à apropriação pela comunidade. A fotografia centrada em pessoas, o tom editorial e a integração do símbolo no produto tornam o “Belong Anywhere” visível em cada toque, o que reduz a distância entre narrativa e experiência. Quando símbolo e a história se reforçam, a comunicação deixa de ser episódica e torna-se acumulativa.

 

Super Bock

Como referência portuguesa, a Super Bock tem trabalhado a ideia de amizade com persistência, dentro e fora da publicidade. O patrocínio de longa duração à música, com o festival Super Bock Super Rock desde 1995, deu espaço a capítulos culturais onde o produto surge como ritual de encontro. Mais recentemente, a campanha “Pelas amizades que não querem ser outra coisa” levou a conversa para a atualidade, desafiando estereótipos e repondo a amizade como sentimento central. O fio mantém-se, da música ao bar, do festival ao spot, sempre ancorado no mesmo valor. 

 

 

O método, na prática, é mais edição do que efeito. Começa na tensão certa, a mudança concreta que se promete no quotidiano de alguém. Escolhe-se um ponto de vista, define-se um cenário e codifica-se uma gramática visual que respire em carrossel ou vídeo curto. Em cada capítulo, alterna-se emoção com demonstração para não quebrar o fio. A disciplina é repetir símbolos até serem memorizados, manter enquadramentos e ritmos que se reconhecem em milissegundos e medir o que alimenta a memória, como recordação e associação de mensagem, não apenas cliques. 

 

Conclusão 

Storytelling e branding não são departamentos separados. São a mesma disciplina num ritmo diferente. A disciplina simbólica da Mastercard, a pertença vivida da Airbnb e a constância cultural da Super Bock mostram caminhos diferentes para o mesmo resultado. Em mercados exigentes, como o português, compensa pensar como editores, escolhendo sinais que resistem ao tempo e capítulos que merecem repetição. Se o objetivo é transformar comunicação em memória, vale desenhar a narrativa com rigor, sensibilidade e constância. Na U Lah Lah desenvolvem-se sistemas visuais que contam histórias, capítulo a capítulo, até que a marca se torne inconfundível. Se quer transformar a sua marca numa história que orienta decisões e cria proximidade, fale connosco. Construímos consigo uma narrativa visual clara, humana e consistente.